quarta-feira, agosto 29, 2007

Perder a Inocência - Capítulo V - Adivinhando os Pensamentos

Íamos a caminho e a Manela falava dos falatórios da vila, do seu trabalho na casa dos Tavares, de como era tratada pelos vários patrões e de como estava aprendendo a ser uma excelente dona de casa, engrandecendo os seus dotes.
Eu evitava o seu olhar porque sentia que ela procurava-me na esperança de entender o que estava a pensar. Pelo que sei nunca foi rapariga para se prender em adivinhas e decidiu descobrir:
- Dois tostões pelos teus pensamentos.
- Não… não estou a pensar em nada… – hesitei.
- Vens tão calado.
- Vou a ouvir…
- E então? Não concordas comigo? Dou uma excelente esposa, não dou? – e num pulo de euforia virou-se para mim e alisou as suas vestes vincando as curvas do seu corpo, exibindo-se. Fixei os olhos nos seus seios e não tirei mais. Manela apercebeu-se e continuou a andar para que de perfil eu pudesse ver a verdadeira dimensão dos seus atributos. Não respondi à sua pergunta, mas também não foi preciso porque a admiração e a excitação expressa no meu rosto tinha revelado tudo. Era essa a resposta que a Manela queria e foi assim, como uma bruxa ou uma vidente, que conseguiu ler os meus pensamentos.
Fizemos o resto do caminho sem conversas. Ao chegarmos ao portão da casa dos Tavares, fiquei parado. Não sei se à espera que a Manela entrasse ou à espera que ela me pedisse para entrar. Ao ver que dali não me mexia, pegou na minha mão e disse:
- Anda, entra comigo. Vais ajudar-me a arrumar estas roupas. – continuei imóvel no mesmo sítio e a Manela voltou a insistir: - O que vais fazer tão cedo para casa? De certeza que a Ti Mari’ de Jesus não vai querer que andes por lá tão cedo a moer a sua cabeça. Anda! – com autoridade de moça mais velha deu-me um puxão e levou-me com ela para dentro de casa.

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