domingo, outubro 14, 2007

Perder a Inocência - Capítulo VIII - O Beijo

Manela, de doçura no olhar e com um fundo de tristeza. Uma rapariga bastante alegre, sempre bem disposta. Onde estava não havia má disposição, ela conta histórias engraçadas, canta, dança e contamina o ar com a sua gargalhada. Apesar do constante sorriso no rosto, a vida cobre-lhe a história com um manto cinzento de tristeza.
A mais nova de sete irmãos não chegou a conhecer a mãe, faleceu no dia do seu nascimento. Nem um ano depois, o pai também falecera. Minha mãe costuma dizer que o seu pai morreu de amor, pois é lenda da vila a vida amorosa dos pais de Manel.
Não podendo ficar com os irmãos, teve que ir viver com a madrinha de baptismo, a D. Camélia, que é a governanta do casarão dos Tavares.
Contam que ainda novinha arranjou namoro com o filho do Sr. Costa, o jardineiro. Na altura moço da minha idade, começou a ajudar o pai na jardinagem. Tendo mais ou menos a mesma idade, interessaram-se um pelo outro e estão comprometidos até hoje, já falam em casamento, mas só depois que ele regressar da guerra na Europa.
Não percebo muito do que se está a passar na Europa, mas espero que não tenha de ir para lá, quando tiver a idade do Júlio.
Por essas e outras razões, fiquei curioso e estava ansioso por saber o que guardava aquela caixa misterioso. No início ocorreu-me, uma fotografia dos pais, cartas de amor do Júlio, etc. Mas nunca pensei que iria ver a caixa vazia.
Surpreso, olhei-a com admiração, enquanto ela rebolava pela cama soltando fortes gargalha. Ajeitando-se, parou e sentou-se na cama. Olhando-me e esboçando um grande sorriso disse:
- Tonto! Que segredo é que achas que uma rapariga poderia revelar a um rapaz que estivesse escondido numa caixa? – e lentamente avançou até mim. Frente a frente pôs a sua mão delicada na minha cara e suavemente encostou os seus lábios nos meus, dando-me um beijo. Após o primeiro beijo, ficamos calados a olhar um para o outro, contudo, nada passou-me pela cabeça e todos os meus medos desapareceram. Como uma enchente, a vontade subiu por mim acima e um calor ardente envolveu todo o meu corpo. Voltamos a beijar, mas desta vez mais intensamente, envolvendo-nos num abraço apertado. Todos os meus pensamentos apagaram-se como se tivesse soprado a chama da vela.

Continua.

3 comentários:

Zana disse...

Ò pá, não se faz...
Anda aqui uma pessoa hà 3 semanas a salivar à espera de descobrir o que está na caixa e afinal tá vazia?!?!?!?! VAZIA?!?!?!!? ;)
Bjsssss

Anónimo disse...

este gajo da cabo de noós.. adorei a caixa vazia...llllllllllloooooooooolllllllllllllllllllllllllllllllllllllll

Nanda disse...

A caixa não estava vazia, mas sim, cheia de intenções que se revelaram importantes para o que se passou a seguir,....o BEIJO!

Muito bom, gostei,...BRAVO